Um Crime Impune
Foi no dia 4 de Julho de 1942 que passou a figurar no calendário dos crimes fascistas, como a data em que foi assassinado mais um resistente à ditadura, cuja recordação ainda está marcada na memória dos habitantes de Nogueira da Regedoura e dos Concelhos de Vila Nova de Gaia, Espinho e Santa Maria da Feira. Os esbirros António Roquete, Laranjeira e Roquete, fizeram-se acompanhar de uma falsa doente.
Foram avisar o Doutor que prontamente se deslocou ao seu consultório. Já com a bata vestida, ali tinham à sua frente o destacado militante comunista, a quem nunca antes tinham conseguido deitar a mão, porque sempre encontrava um refúgio algures. Foi assim que uma brigada da Policia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) não encontrou melhor meio para prender o Dr. Carlos, sempre pronto a cuidar dos doentes que o procuravam.
Em carta dirigida a Câmara Reys em Setembro de 1936 afirmava: "Rumei à esquerda... para mais perto do possivel convivío e organização das massas populares"apaixonadamente com os problemas quotidianos de cada ser humano, integrando-se na conjuntura politíca e social nomeadamente dos mais pobres e desprotegidos! Ergida pela ternura de cada mão calejada!
Perseguido por causa das suas convicções politícas e ediológicas, teve que remeter-se a uma clandestinidade de 6 anos em que romantismo da solidariedade popular se sobrepôs ao medo que circulava nas veias de país ocupado pelo capital acumulado nas sacristias e nas esquadras. Era o povo de Nogueira da Regedoura, e de freguesias vizinhas que disparava os alertas quando gente suspeita por aí era vista.
Era o povo de Nogueira da Regedoura que o médico ía encontrar guarida nas noites em que era perigoso dormir em casa. Dava dinheiro aos pobres que consultava para que comprassem os medicamentos que lhe receitava! Não porque acreditasse na caridade: Mas porquqe a justiça tardava. E ele tinha pressa na vida. De cada um e de todos. Tempos decorridos, seu pai, António Ferreira Soares, de 72 anos, enviou uma carta a Luis Câmara Reys director da "Seara Nova" no seu consultório começava a auscultar uma doente... da polícia politíca que era acompanhado de outros que empunhando uma pistola-metralhadora, crivou de balas o meu menino! Minha filha Inês Ferreira Soares- A Madrinha como lhe chamavam, acorreu com sua crença religiosa, depressa a morte, abeirou-se do irmão e disse-lhe: "Agora Carlos, apesar da tua descrença, pensa em Jesus". Ele respondeu sorrindo, com aqueles olhos bons do Carlos já a enevoar-se dizendo-lhe perdoa eu vou morrer: este é um louco. Tombou o corpo do médico comunista; tombaram muitas esperanças de muitos pobres, tombaram muitas lágrimas de raiva e dor.
Enviado por Amaro Francisco membro da Comissão de Freguesia do P.C.P. Nogueira da Regedoura e publicado no Jornal Terras da Feira e pelo Jornal Noticias de Paços de Brandão no ano de 1995
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