PERPETUANDO AS SUAS MEMÒRIAS
Das muitas casas e pessoas existentes nos Lugares de Cancelos , Midões , Rio Mau e a Freguesia de Pedorido, poucas foram as pessoas que não foram pescadores, gente que apesar de tirar durante meses parte do seu sustento tinhamm forma própria de lhes agradecer.
Das muitas casas e pessoas existentes nos Lugares de Cancelos , Midões , Rio Mau e a Freguesia de Pedorido, poucas foram as pessoas que não foram pescadores, gente que apesar de tirar durante meses parte do seu sustento tinhamm forma própria de lhes agradecer.
O rio sabia e sabe que jamais alguém ousava maltratá-lo (tratavam-no com carinho não o poluindo). è a esta gente simples e amorosa que partilhava entre si as alegrias e amarguras da vida para quem o seu rio era sempre parte integrante deste convívio e confissões.
Tive o privilégio de conhecer muit0s deles chegando mesmo a pescar com alguns. Todos mereciam uma refrência especial, mas não seria possivel fazê-lo aqui mas se ainda tiver tempo procurarei faze-lo em trabalho mais pormenorizado.
O Guerguenteiro do Ti Jaquim Ferreira, homem perspicaz aquem fugiu uma enguia da rede no Castelo e foi pescá-la passado duas horas umas milhas muito acima não tendo dúvidas que era a mesma.
Do Tomáz Bichinhas que sendo um péssimo pescador de cana conseguiu a proeza de ir um dia pescar ao Carneiro. Quando puxou a cana, veio no enzol uns óculos e continuando a puxar passava na altura uma perdiz e a cana matou-a, caíu para tráz atrapalhado e esmagou um coelho na cama a dormir , deu-lhe semelhante volta à barriga que esteve toda a noite na sentina a cagar 480 bichas. Não dormiu nada nessa noite porque as contou.
O Agostinho Ferreira que deitava as cabaceiras no Carneiro disse que eram tantas as Bruxas que o barco não andava nem para cima nem para baixo, não havia corrente e não ventava , como ele possuído de medo não remava é mais que evidente que o barco teria de estar sempre no mesmo sitio. Contava que quando pescava com o Ti Armando Venâncio, dizia ele que boa chumbeirada está conhada deles, só que a chumbeira tinha ido parar a um campo de milho, o Ti Américo Rouxinol, Ti Abano, Gordinha, Rouxinol e tantos e tantos outros homens e mulheres.
Estes homens e mulheres viveram numa perfeita comunhão com a natureza, cujos hábitos herdei porque cresci com esta gente generosa. De há muitos anos a esta parte regressei ao meu cantinho, fui substituir o meu Pai no seu posto, homem que teve de emigrar para juntamente com sua esposa apoiar os meus quatro irmãos. Foi a pior coisa que lhe poderia acontecer ter de deixar aquilo que tanto amava. Não se ausentou muito tempo as suas presensas aqui eram frequentes e o seu querido rio sabia que ele nunca o abandonaria definitivamente. Felizmente que ainda regressei a tempo de o substituir, assim como ele tinha substitguído o meu Avô. Herdei o último Barco dele, bem como os pardelhos, mugeira e chumbeira, aliás todas os artefactos dessa saudosa pesca artesanal. Substitui o velho Barco por um exactamente igual, um Valboeiro. Concertei as velhas redes que jaziam abandonadas nos fundos da casa e embora já não fosse permitido pescar, ía matando a saúdade mantendo essa secular a tradição. O que pescava era para comer ou dar, mas um dia apareceu uma Brigada da Guarda Fiscal e aprendeu-me as velhas redes, o velho Valboeiro, as muitas e boas recordações de um tempo que passou mas permanece dentro de mim a viver como se tudo se tivesse passado ainda ontem.
O meu Pai e avó mereciam que alguém continuasse as artes do rio, mas reconheço que terminou um ciclo. É este o preço a pagar pela modernidade, não compreendendo todavia porque nascem os peixes e morrem sem que possam ser pescados dando assim de de comer a muita gente que infelizmente não tem pão para a boca. Não compreendo como pôde alguém deserdar-nos da pesca de tradições milenares reportadas aos tempos dos Fenícios primeiros navegadores deste rio. Não compreendo como se pode alterar e apagar a história com absurdas proibições que a nada nem a ninguém beneficiam. Não compreendo tanto cuidado com o abstracto e tanto desprezo pelas pessoas.
Há um silêncio grande, pesado aqui em Cancelos à beira do Douro. Só os fantasmas desses tempos navegam agora no rio. Quem me roubou o rio de antigamente; quem me tirou as redes, o barco e me matou a esperança!?
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Jamais irei perder esta oportunidade de ter começado de forma original o relato de facto reias e uma vez mais como tem acontecido voltar à estaca zero por falta de titulo
ResponderEliminarComentário: Maló