quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura= Dois Médicos e uma Sólida Amizade

Gente de Bem = Reconhecimento Público
Recordando o Amigo Doutor de Medicina
Quando se tem sentimentos nobres eles nunca desaparecem com o passar do tempo.e, esse sentimento e lealdade é transportado por nós independentemente dos locais por onde possamos ter andado e, as dificuldades tremendas porque  possamos ter tido de passar.
   Poderão estes exemplos não serem frequentes, mas ao serem dados a conhecer, poderão servir para acordar mentes adormecidas e, as levem  a perceber-se que um dos mais valores da vida; é a seriedade e o grato reconhecimento a pessoas de bem. Mas para melhor se  entender é, transcrever o que o Doutor Ricou dedicou no livro que editou, ao seu amigo, barbaramente assassinado em 4 de Julho de 1942.
Escreve no livro o Doutor Eduardo Ricou, que com a devida vênia transcrevo
 Na  década de 1940 existem dois factos que eu quero transmitir. Na freguesia de Nogueira da Regedoura, vizinha de Arcozelo, onde eu vivia, existia um médico célebre, o Dr. Carlos Prata Soares, bastante mais velho do que eu, mas que era um colega muito distinto, muito inteligente, muito sábio, com quem eu gostava muito de falar e que fazia uma clínica com um sentido altruísta; isto é, como era muito rico, pois era filho de um magistrado, não levava nada a ninguém e ainda dava dinheiro e medicamentos aos seus doentes mais carenciados. Assim, os seus colegas da mesma idade e moradores em Espinho, não só não gostavam dele, como afirmavam que ele era comunista. Na época, além de frequentar o curso de medicina, eu trabalhava para não sobrecarregar a familia, dava injecções e fazia outros pequenos serviços semelhantes. Admirava o Dr. Carlos Prata Soares, com quem trocava impressões e conhecimentos médicos, tanto pelo seu mérito pela forma como exercia a sua profissão como também pelos seus conhecimentos e extrema bondade. O tempo ia passando e, a um dado momento, ele foi visitado por agentes da Polícia Política da época. A visita foi de tal forma que ao fim de um certo tempo deram-lhe tiros que o mataram, ficando na memória do povo o célebre Dr. Carlos. Todos os anos se fazem romagem, no Cemitério de Nogueira da Regedoura, onde já esteve presente o Doutor Cunhal, para homenagear a sua memória. Boa pessoa, muito amiga dos pobres, gostava muito dele e não o escondia. Toda esta situação teve uma grande influência na minha vida. A ponto de uma pessoa influente de Espinho ter dito ao meu pai para me mandar para fora do país, pois eu estava também metido naquela situação- diziam que eu era também comunista. Imaginem o que isso representava nessa época. O paizinho pôs-me o problema e eu resolvi ir até a Lisboa ( não sem antes me ter aventurado a ajudar a Resistência Francesa onde passei dez meses), ao Ministério do Ultramar, inscrever-me para ir para Angola ou Moçambique. Isto em 1942, e foi assim que eu consegui o contrato de forma a ir para Angola, em 1949, como médico leprólogo. Esta é a minha verdadeira história, e uma parte explica a razão porque me fui embora do país... e não só 

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